Rodrigo Vitasovic Gomes1 e Marcelo Saldanha Aoki1,2
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Nº 2 – Mar/Abr, 2005
RESUMO
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo verificar se a suplementação de creatina exerce efeito ergogênico durante a execução do exercício concorrente. Métodos: Dezesseis universitárias foram divididas aleatoriamente em dois grupos: placebo (P)
e creatina (CRE). A suplementação foi realizada seguindo o modelo duplo-cego, 20g de placebo ou creatina durante cinco dias e posteriormente 3g por sete dias. Antes da suplementação, os sujeitos foram submetidos ao teste de 1-RM e ao teste de repetições
máximas no leg press 45o (três sets de repetições máximas, realizadas a 80% do valor de 1-RM e separadas por 150 segundos de pausa – P 1º set: 9,0 ± 2,4; 2º set: 8,9 ± 2,9 e 3º set: 8,3 ± 3,3 e CRE 1º set: 10,2 ± 2,2; 2º set: 9,8 ± 2,9 e 3º set: 9,7 ± 3,5 reps).
Após o período de suplementação, os sujeitos realizaram o teste de corrida, no qual foram instruídos a percorrer a maior distância
possível em 20 minutos. Imediatamente após o teste de corrida, os testes de 1-RM e de repetições máximas foram realizados novamente.
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo verificar se a suplementação de creatina exerce efeito ergogênico durante a execução do exercício concorrente. Métodos: Dezesseis universitárias foram divididas aleatoriamente em dois grupos: placebo (P)
e creatina (CRE). A suplementação foi realizada seguindo o modelo duplo-cego, 20g de placebo ou creatina durante cinco dias e posteriormente 3g por sete dias. Antes da suplementação, os sujeitos foram submetidos ao teste de 1-RM e ao teste de repetições
máximas no leg press 45o (três sets de repetições máximas, realizadas a 80% do valor de 1-RM e separadas por 150 segundos de pausa – P 1º set: 9,0 ± 2,4; 2º set: 8,9 ± 2,9 e 3º set: 8,3 ± 3,3 e CRE 1º set: 10,2 ± 2,2; 2º set: 9,8 ± 2,9 e 3º set: 9,7 ± 3,5 reps).
Após o período de suplementação, os sujeitos realizaram o teste de corrida, no qual foram instruídos a percorrer a maior distância
possível em 20 minutos. Imediatamente após o teste de corrida, os testes de 1-RM e de repetições máximas foram realizados novamente.
Palavras-chave: Creatina. Suplementação. Exercício concorrente. Interferência.
Palabras-clave: Creatina. Suplementación. Ejercicio competitivo. Interferencia.
Palabras-clave: Creatina. Suplementación. Ejercicio competitivo. Interferencia.
Resultados: Não foi observada diferença no desempenho do teste de 1-RM. Também não houve diferença no desempenho do teste de corrida. Após o teste de corrida, foi observado decréscimo no número de repetições máximas no grupo placebo (Reps – P: 1º set: 7,6 ± 2,6; 2º set: 4,3 ± 2,9*; p < 0,01 e 3º set: 4,6 ± 2,3*; p < 0,01). Essa redução não foi observada no grupo creatina (Reps – CRE: 1º set: 10,9 ± 2,9; 2º set: 9,5 ± 2,7 e 3º set: 9,0 ± 3,0).
Conclusões: A execução do exercício de endurance provocou fadiga residual que afetou a capacidade de realização de repetições
máximas a 80% do valor de um 1-RM. Uma das possíveis causas da fadiga no exercício de força está relacionada à depleção dos estoques de creatina-fosfato. Provavelmente, o maior conteúdo de creatina-fosfato, induzido pela suplementação, acelerou a ressíntese da ATP, servindo como um substrato energético adicional para o exercício concorrente.
máximas a 80% do valor de um 1-RM. Uma das possíveis causas da fadiga no exercício de força está relacionada à depleção dos estoques de creatina-fosfato. Provavelmente, o maior conteúdo de creatina-fosfato, induzido pela suplementação, acelerou a ressíntese da ATP, servindo como um substrato energético adicional para o exercício concorrente.
RESUMEN
La suplementación de creatina anula el efecto adverso del ejercicio de endurance sobre el subsequente desempeño de fuerza Objetivo: El presente estudio tiene como objetivo verificar el efecto ergogénico que ejerce la suplementación de la creatina durante
la ejecución del ejercicio competitivo. Métodos: Dieciséis estudiantes universitarios fueron aleatoriamente divididos en 2 grupos: placebo (P) y creatina (el he/she CREE). La suplementación se siguió cumpliendo el modelo doble-ciego, 20g de placebo o creatina durante 5 días y después 3 gramos durante 7 días. Antes de la suplementación, los atletas fueron sometidos a la prueba de 1-RM y a la prueba de repeticiones del máximo en el press de pierna 45o (3 juegos de repeticiones del máximo, logró a 80% del valor de 1-RM y separado por 150 segundos de pausa - P 1o set: 9,0 ± 2,4; 2o set: 8,9 ± 2,9 y 3o set: 8,3 ± 3,3 y el CREE 1o set: 10,2 ± 2,2; 2o juego: 9,8 ± 2,9 y 3o set: 9,7 ± 3,5 representantes). Después del periodo del suplementación, los modelos lograron la prueba de la raza en la que los mismos fueron bien educados para alcanzar la distancia más grande posible en 20 minutos.
Inmediatamente después de la prueba de la carrera, las pruebas de 1-RM y de repeticiones del máximo se cumplieron otra vez. Resultados: No se observó diferencia en la acción de la prueba de 1-RM. Tampoco había diferencia en la acción de la prueba de la
carrera. Después de la prueba de la carrera, un descenso se observó en el número de las repeticiones máximas en el grupo placebo (Representantes - P: 1o set: 7,6 ± 2,6; 2o set: 4,3 ± 2,9*; p < 0,01 y 3o set: 4,6 ± 2,3*; p < 0,01). Esta reducción no se observó en grupo de uso de creatina (Representantes – el CREE: 1o set: 10,9 ± 2,9; 2o set: 9,5 ± 2,7 y 3o set: 9,0 ± 3,0). Conclusiones: La ejecución del ejercicio de paciencia provocó un a fatiga residual que afectó la capacidad de realización de repeticiones del máximo a 80% del valor de un 1-RM. Se relaciona una de las posibles causas de la fatiga en el ejercicio de fuerza al vaciamiento de las acciones de creatina-fosfato. Probablemente, el volumen más grande de creatina-fosfato, inducido por el suplementación, aceleró la re-síntesis de ATP y lo define como bueno como un substrato de energía adicional para el ejercicio competitivo.
La suplementación de creatina anula el efecto adverso del ejercicio de endurance sobre el subsequente desempeño de fuerza Objetivo: El presente estudio tiene como objetivo verificar el efecto ergogénico que ejerce la suplementación de la creatina durante
la ejecución del ejercicio competitivo. Métodos: Dieciséis estudiantes universitarios fueron aleatoriamente divididos en 2 grupos: placebo (P) y creatina (el he/she CREE). La suplementación se siguió cumpliendo el modelo doble-ciego, 20g de placebo o creatina durante 5 días y después 3 gramos durante 7 días. Antes de la suplementación, los atletas fueron sometidos a la prueba de 1-RM y a la prueba de repeticiones del máximo en el press de pierna 45o (3 juegos de repeticiones del máximo, logró a 80% del valor de 1-RM y separado por 150 segundos de pausa - P 1o set: 9,0 ± 2,4; 2o set: 8,9 ± 2,9 y 3o set: 8,3 ± 3,3 y el CREE 1o set: 10,2 ± 2,2; 2o juego: 9,8 ± 2,9 y 3o set: 9,7 ± 3,5 representantes). Después del periodo del suplementación, los modelos lograron la prueba de la raza en la que los mismos fueron bien educados para alcanzar la distancia más grande posible en 20 minutos.
Inmediatamente después de la prueba de la carrera, las pruebas de 1-RM y de repeticiones del máximo se cumplieron otra vez. Resultados: No se observó diferencia en la acción de la prueba de 1-RM. Tampoco había diferencia en la acción de la prueba de la
carrera. Después de la prueba de la carrera, un descenso se observó en el número de las repeticiones máximas en el grupo placebo (Representantes - P: 1o set: 7,6 ± 2,6; 2o set: 4,3 ± 2,9*; p < 0,01 y 3o set: 4,6 ± 2,3*; p < 0,01). Esta reducción no se observó en grupo de uso de creatina (Representantes – el CREE: 1o set: 10,9 ± 2,9; 2o set: 9,5 ± 2,7 y 3o set: 9,0 ± 3,0). Conclusiones: La ejecución del ejercicio de paciencia provocó un a fatiga residual que afectó la capacidad de realización de repeticiones del máximo a 80% del valor de un 1-RM. Se relaciona una de las posibles causas de la fatiga en el ejercicio de fuerza al vaciamiento de las acciones de creatina-fosfato. Probablemente, el volumen más grande de creatina-fosfato, inducido por el suplementación, aceleró la re-síntesis de ATP y lo define como bueno como un substrato de energía adicional para el ejercicio competitivo.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, diversos estudos investigaram o efeito do treinamento concorrente, no qual o exercício de endurance e o exercício de força são realizados simultaneamente na mesma sessão de treino(1). Uma vez que atletas e indivíduos fisicamente ativos adotam essa estratégia de treinamento, existe um grande interesse com relação à interferência que a primeira atividade teria
sobre a atividade subseqüente. Resultados obtidos no nosso laboratório demonstraram que o exercício de endurance (70% do VO2max por 45 minutos em esteira) promove redução do desempenho no subseqüente teste de repetições máximas no leg press 45o(2). Outros estudos confirmam nossos resultados de que o exercício aeróbio afeta o subseqüente desenvolvimento de força e potência, quando o exercício de endurance é realizado previamente(1). Em outro estudo, observamos que o exercício de força (seis
séries de repetições máximas no leg press 45o, sendo três séries a 60% do valor de 1-RM e as outras três a 90% do valor de 1-RM)
não interferiu no posterior desempenho de potência aeróbica(3). Esses resultados também são reforçados por outras pesquisas que demonstraram que o desempenho de potência aeróbica parece não ser alterado pela prévia execução do exercício de força(4-8). Entretanto, a literatura apresenta resultados controversos(1). Algumas pesquisas sugerem que não existe interferência do treinamento concorrente sobre o desempenho de força ou potência aeróbica(9-12). No entanto, em um estudo conduzido por Nelson et al.(13) foi demonstrado que a realização do treinamento concorrente prejudica o desenvolvimento da potência aeróbica. Essa controvérsia pode estar relacionada ao nível de adaptação ao estímulo do treino concorrente. Parece que indivíduos adaptados ao exercício concorrente sofrem menor interferência em relação aos indivíduos não treinados(3,14). Outros fatores também contribuem para a discrepância de resultados obtidos pelas pesquisas que analisaram o treinamento concorrente, tais como os protocolos de exercício utilizados e a organização de suas variáveis (intensidade, duração e freqüência)(15).
Atualmente, o dado mais consistente sobre o treinamento concorrente indica que essa estratégia atenua o ganho de força e potência em comparação com o treinamento de força isolado(4-8,16). Existem duas hipóteses para explicar essa interferência deletéria do treinamento concorrente. Essas hipóteses estão relacionadas a processos agudos ou crônicos(1,15). A hipótese crônica consiste na idéia de que, após o treino concorrente, o músculo tentaria adaptar-se a ambos os estímulos. No entanto, isso não é possível porque as adaptações crônicas induzidas pelo treinamento de endurance são freqüentemente inconsistentes com as observadas durante o treinamento de força. Segundo a hipótese crônica, a combinação desses dois estímulos diferentes poderia afetar o desenvolvimento dessas duas capacidades físicas (força e potência aeróbica) devido ao fato de que ambos induzem adaptações diferentes(1,4,5). Com relação à hipótese de comprometimento agudo, esta é baseada na idéia de que a atividade anterior levaria a fadiga residual. Esse desgaste comprometeria o desempenho da atividade subseqüente através de alterações no metabolismo energético (menor disponibilidade de substratos, acidose, aumento da concentração de amônia)(1).
Considerando que a hipótese aguda é uma possível explicação para a interferência observada no exercício concorrente, realizamos
dois estudos utilizando a suplementação de carboidrato durante o exercício concorrente(2,3). Em ambos os estudos, o consumo
de carboidrato não exerceu o efeito ergogênico(2,3). Esses resultados nos levaram a considerar que a disponibilidade de outro substrato energético seria o fator limitante para execução do subseqüente exercício de força. Considerando que a creatina-
fosfato contribui de forma significativa para a realização do exercício de alta intensidade, o objetivo deste trabalho foi verificar
o efeito da suplementação de creatina sobre a execução do exercício concorrente (exercício de endurance realizado previamente ao teste 1-RM e no teste de repetições máximas a 80% do valor de 1-RM).
Nas últimas décadas, diversos estudos investigaram o efeito do treinamento concorrente, no qual o exercício de endurance e o exercício de força são realizados simultaneamente na mesma sessão de treino(1). Uma vez que atletas e indivíduos fisicamente ativos adotam essa estratégia de treinamento, existe um grande interesse com relação à interferência que a primeira atividade teria
sobre a atividade subseqüente. Resultados obtidos no nosso laboratório demonstraram que o exercício de endurance (70% do VO2max por 45 minutos em esteira) promove redução do desempenho no subseqüente teste de repetições máximas no leg press 45o(2). Outros estudos confirmam nossos resultados de que o exercício aeróbio afeta o subseqüente desenvolvimento de força e potência, quando o exercício de endurance é realizado previamente(1). Em outro estudo, observamos que o exercício de força (seis
séries de repetições máximas no leg press 45o, sendo três séries a 60% do valor de 1-RM e as outras três a 90% do valor de 1-RM)
não interferiu no posterior desempenho de potência aeróbica(3). Esses resultados também são reforçados por outras pesquisas que demonstraram que o desempenho de potência aeróbica parece não ser alterado pela prévia execução do exercício de força(4-8). Entretanto, a literatura apresenta resultados controversos(1). Algumas pesquisas sugerem que não existe interferência do treinamento concorrente sobre o desempenho de força ou potência aeróbica(9-12). No entanto, em um estudo conduzido por Nelson et al.(13) foi demonstrado que a realização do treinamento concorrente prejudica o desenvolvimento da potência aeróbica. Essa controvérsia pode estar relacionada ao nível de adaptação ao estímulo do treino concorrente. Parece que indivíduos adaptados ao exercício concorrente sofrem menor interferência em relação aos indivíduos não treinados(3,14). Outros fatores também contribuem para a discrepância de resultados obtidos pelas pesquisas que analisaram o treinamento concorrente, tais como os protocolos de exercício utilizados e a organização de suas variáveis (intensidade, duração e freqüência)(15).
Atualmente, o dado mais consistente sobre o treinamento concorrente indica que essa estratégia atenua o ganho de força e potência em comparação com o treinamento de força isolado(4-8,16). Existem duas hipóteses para explicar essa interferência deletéria do treinamento concorrente. Essas hipóteses estão relacionadas a processos agudos ou crônicos(1,15). A hipótese crônica consiste na idéia de que, após o treino concorrente, o músculo tentaria adaptar-se a ambos os estímulos. No entanto, isso não é possível porque as adaptações crônicas induzidas pelo treinamento de endurance são freqüentemente inconsistentes com as observadas durante o treinamento de força. Segundo a hipótese crônica, a combinação desses dois estímulos diferentes poderia afetar o desenvolvimento dessas duas capacidades físicas (força e potência aeróbica) devido ao fato de que ambos induzem adaptações diferentes(1,4,5). Com relação à hipótese de comprometimento agudo, esta é baseada na idéia de que a atividade anterior levaria a fadiga residual. Esse desgaste comprometeria o desempenho da atividade subseqüente através de alterações no metabolismo energético (menor disponibilidade de substratos, acidose, aumento da concentração de amônia)(1).
Considerando que a hipótese aguda é uma possível explicação para a interferência observada no exercício concorrente, realizamos
dois estudos utilizando a suplementação de carboidrato durante o exercício concorrente(2,3). Em ambos os estudos, o consumo
de carboidrato não exerceu o efeito ergogênico(2,3). Esses resultados nos levaram a considerar que a disponibilidade de outro substrato energético seria o fator limitante para execução do subseqüente exercício de força. Considerando que a creatina-
fosfato contribui de forma significativa para a realização do exercício de alta intensidade, o objetivo deste trabalho foi verificar
o efeito da suplementação de creatina sobre a execução do exercício concorrente (exercício de endurance realizado previamente ao teste 1-RM e no teste de repetições máximas a 80% do valor de 1-RM).
METODOLOGIA
Amostra
Foram selecionadas 16 mulheres (20,1 ± 1,9 anos), estudantes de Educação Física do Centro Universitário UniFMU. Foi estabelecido, como critério de seleção, praticar exercícios de força pelo menos três vezes por semana, assim como exercício de endurance com pelo menos 30 minutos de duração em dias alternados ou simultâneos. Outro critério adotado para a participação do estudo foi o período mínimo de 12 meses de experiência prévia em treinamento de força. A seleção da amostra foi realizada por meio de um questionário, no qual foi avaliado o consumo de outros suplementos nutricionais e substâncias controladas. O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEPSH) do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ofício 051.00). Os experimentos foram conduzidos segundo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (nº 196/96). Todos os indivíduos foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordaram em participar de maneira voluntária do estudo, assinando um termo de consentimento informado e proteção da privacidade. Determinação de 1-RM e da capacidade de repetição máxima Após um breve aquecimento, o valor de 1-RM foi determinado através de três tentativas crescentes no exercício leg press 45o(17). Posteriormente, foi calculado o valor percentual equivalente a 80% do valor de 1-RM para a execução dos três sets de repetições máximas com pausa de 150 segundos.
Amostra
Foram selecionadas 16 mulheres (20,1 ± 1,9 anos), estudantes de Educação Física do Centro Universitário UniFMU. Foi estabelecido, como critério de seleção, praticar exercícios de força pelo menos três vezes por semana, assim como exercício de endurance com pelo menos 30 minutos de duração em dias alternados ou simultâneos. Outro critério adotado para a participação do estudo foi o período mínimo de 12 meses de experiência prévia em treinamento de força. A seleção da amostra foi realizada por meio de um questionário, no qual foi avaliado o consumo de outros suplementos nutricionais e substâncias controladas. O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEPSH) do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ofício 051.00). Os experimentos foram conduzidos segundo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (nº 196/96). Todos os indivíduos foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordaram em participar de maneira voluntária do estudo, assinando um termo de consentimento informado e proteção da privacidade. Determinação de 1-RM e da capacidade de repetição máxima Após um breve aquecimento, o valor de 1-RM foi determinado através de três tentativas crescentes no exercício leg press 45o(17). Posteriormente, foi calculado o valor percentual equivalente a 80% do valor de 1-RM para a execução dos três sets de repetições máximas com pausa de 150 segundos.
Exercício de endurance
O protocolo de exercício adotado consistiu de teste de corrida de 20 minutos em uma pista demarcada, no qual os sujeitos percorreram a maior distância possível em 20 minutos. Com o ritmo constante das passadas durante todo a atividade, o teste teve início sob a voz de comando “atenção já”, acionando-se o cronômetro concomitantemente. O término do teste foi marcado por um
apito.
O protocolo de exercício adotado consistiu de teste de corrida de 20 minutos em uma pista demarcada, no qual os sujeitos percorreram a maior distância possível em 20 minutos. Com o ritmo constante das passadas durante todo a atividade, o teste teve início sob a voz de comando “atenção já”, acionando-se o cronômetro concomitantemente. O término do teste foi marcado por um
apito.
Protocolo de suplementação
As participantes foram divididas em dois grupos aleatoriamente. A suplementação de creatina (ou placebo) foi conduzida conforme
o modelo duplo-cego. Na primeira fase (sobrecarga) foram administrados 20 gramas de creatina (ou placebo) por dia, divididos
em quatro doses, durante cinco dias. Durante a segunda fase (manutenção) foram administrados três gramas de creatina (ou placebo) por sete dias. O grupo placebo foi usado como controle e seguiu as mesmas condições experimentais do grupo suplementado com creatina; no entanto, o mesmo recebeu carboidrato (maltodextrina).
As participantes foram divididas em dois grupos aleatoriamente. A suplementação de creatina (ou placebo) foi conduzida conforme
o modelo duplo-cego. Na primeira fase (sobrecarga) foram administrados 20 gramas de creatina (ou placebo) por dia, divididos
em quatro doses, durante cinco dias. Durante a segunda fase (manutenção) foram administrados três gramas de creatina (ou placebo) por sete dias. O grupo placebo foi usado como controle e seguiu as mesmas condições experimentais do grupo suplementado com creatina; no entanto, o mesmo recebeu carboidrato (maltodextrina).
Procedimento experimental
Foram realizadas duas coletas de dados em dias distintos, separadas por 12 dias. No início do protocolo de suplementação, ambos
os grupos foram submetidos inicialmente ao teste de 1-RM e ao teste de repetições máximas no leg press 45o (80%-1RM). Após
12 dias de suplementação (creatina e placebo), foram realizados novamente ambos os testes (1-RM e repetições máximas) imediatamente após o teste de corrida de 20 minutos. Portanto, o objetivo foi verificar o efeito do exercício de endurance (corrida) sobre o desempenho de força no grupo placebo e no grupo suplementado com creatina por 12 dias.
Análise estatística
Os resultados foram analisados utilizando teste de análise de variância (ANOVA – two way) (fator tempo x fator suplementação)
seguido pelo teste de Tukey (software GraphPAD). O nível mínimo de significância adotado no presente estudo foi de p < 0,05. Os
resultados estão expressos em média e desvio-padrão.
RESULTADOS
O valor obtido no teste de 1-RM não apresentou alteração entre os grupos placebo e creatina, com ou sem a execução prévia do
exercício de endurance (tabela 1). A razão entre o valor de 1-RM e o peso corporal também permaneceu inalterada em relação aos
grupos placebo e creatina, no início (sem a prévia realização do exercício de “endurance”) e ao final do experimento (com a execução prévia do exercício de “endurance”) (tabela 1).
TABELA 1
Determinação do peso corporal (kg), do valor de 1-RM (kg) e da razão entre o valor de 1-RM e o peso corporal para o exercício
de leg-press 45o nos grupos placebo e creatina no início (sem a prévia realização do exercício de “endurance”) e ao final do
experimento (imediatamente após o exercício de “endurance”)
Determinação do peso corporal (kg), do valor de 1-RM (kg) e da razão entre o valor de 1-RM e o peso corporal para o exercício
de leg-press 45o nos grupos placebo e creatina no início (sem a prévia realização do exercício de “endurance”) e ao final do
experimento (imediatamente após o exercício de “endurance”)
Placebo (n = 8) Creatina (n = 8)
1-RM (kg) Peso (kg) 1-RM:Peso 1-RM Peso (kg) 1-RM:Peso
Inicial 180,4 ± 20,1 59,2 ± 4,9 3,0 ± 0,3 191,4 ± 22,5 60,9 ± 5,6 3,2 ± 0,5
Final 179,1 ± 18,3 58,6 ± 4,5 3,1 ± 0,4 189,7 ± 20,2 61,8 ± 5,4 3,1 ± 0,4
1-RM (kg) Peso (kg) 1-RM:Peso 1-RM Peso (kg) 1-RM:Peso
Inicial 180,4 ± 20,1 59,2 ± 4,9 3,0 ± 0,3 191,4 ± 22,5 60,9 ± 5,6 3,2 ± 0,5
Final 179,1 ± 18,3 58,6 ± 4,5 3,1 ± 0,4 189,7 ± 20,2 61,8 ± 5,4 3,1 ± 0,4
Valores expressos em média ± desvio-padrão.
Entretanto, no teste de repetições máximas foi observado decréscimo no número de repetições executadas pelo grupo placebo após a realização do exercício aeróbico nos dois últimos sets em relação ao início do experimento (P: 1º set: 9,0 ± 2,4; 2º set: 8,9 ± 2,9 e 3º set: 8,3 ± 3,3 vs. P: 1º set: 7,6 ± 2,6; 2º set: 4,3 ± 2,9*; p < 0,01 e 3º set: 4,6 ± 2,3*; p < 0,01) (tabela 2). Essa resposta não foi observada no grupo creatina (CRE: 1º set: 10,2 ± 2,2, 2º set: 9,8 ± 2,9 e 3º set: 9,7 ± 3,5 vs. CRE: 1º set: 10,9 ± 2,9; 2º set: 9,5 ± 2,7 e 3º set: 9,0 ± 3,0). Ao final do experimento, após o exercício de endurance, a média do número de repetições máximas realizadas pelo grupo creatina, nos dois últimos sets, foi superior à do grupo placebo (tabela 2).
TABELA 2
Determinação do número de repetições máximas realizadas no leg-press 45o a 80% do valor de 1-RM nos grupos placebo e creatina no início (sem a prévia realização do exercício de “endurance”) e ao final do experimento (imediatamente após o exercício de “endurance”)
Determinação do número de repetições máximas realizadas no leg-press 45o a 80% do valor de 1-RM nos grupos placebo e creatina no início (sem a prévia realização do exercício de “endurance”) e ao final do experimento (imediatamente após o exercício de “endurance”)
Placebo (n = 8) Creatina (n = 8)
1º set 2º set 3º set 1º set 2º set 3º set
Inicial 9,0 ± 2,4 8,9 ± 2,9* 8,3 ± 3,3* 10,2 ± 2,2 9,8 ± 2,9# 9,7 ± 3,5#
Final 7,6 ± 2,6 4,3 ± 2,9* 4,6 ± 2,3* 10,9 ± 2,9 9,5 ± 2,7# 9,0 ± 3,0#
1º set 2º set 3º set 1º set 2º set 3º set
Inicial 9,0 ± 2,4 8,9 ± 2,9* 8,3 ± 3,3* 10,2 ± 2,2 9,8 ± 2,9# 9,7 ± 3,5#
Final 7,6 ± 2,6 4,3 ± 2,9* 4,6 ± 2,3* 10,9 ± 2,9 9,5 ± 2,7# 9,0 ± 3,0#
Valores expressos em média ± desvio-padrão. * – diferente do grupo placebo no início do experimento
(p < 0.01). # – diferente do grupo placebo no final do experimento (p < 0,01).
TABELA 3
Avaliação da distância percorrida no teste de corrida de 20 minutos realizado antes dos testes de 1-RM e repetições máximas no final do experimento
Placebo (n = 8) Creatina (n = 8)
Distância percorrida (m) 3.846 ± 310 3.759 ± 275
Valores expressos em média ± desvio-padrão.
Com relação ao teste de 20 minutos de corrida, não foi observada diferença no desempenho em ambos os grupos (tabela 3).
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi testar o efeito da suplementação de creatina sobre o efeito adverso do exercício de endurance
sobre o subseqüente desempenho de força. Conforme já observado previamente, a realização do exercício de endurance afetou o
subseqüente desempenho de força(1,2). Esse comprometimento poderia ser explicado pela realização do exercício de força em uma condição energética e metabólica adversa, caso o mesmo fosse precedido por um exercício de endurance(1). Isso aconteceria durante o treino de força realizado na mesma sessão, portanto, caracterizando um efeito agudo. Nesse contexto, o músculo estaria com sua capacidade de desenvolver tensão reduzida durante a realização do posterior treino de força. A possível explicação para esse fenômeno foi denominada de hipótese aguda(1,15).
O objetivo do presente estudo foi testar o efeito da suplementação de creatina sobre o efeito adverso do exercício de endurance
sobre o subseqüente desempenho de força. Conforme já observado previamente, a realização do exercício de endurance afetou o
subseqüente desempenho de força(1,2). Esse comprometimento poderia ser explicado pela realização do exercício de força em uma condição energética e metabólica adversa, caso o mesmo fosse precedido por um exercício de endurance(1). Isso aconteceria durante o treino de força realizado na mesma sessão, portanto, caracterizando um efeito agudo. Nesse contexto, o músculo estaria com sua capacidade de desenvolver tensão reduzida durante a realização do posterior treino de força. A possível explicação para esse fenômeno foi denominada de hipótese aguda(1,15).
A hipótese de interferência aguda é sustentada pelo estudo de Craig et al.(6), que verificaram que o desenvolvimento de força nos
membros inferiores ficou comprometido pela realização de uma corrida imediatamente antes do treino de força. No mesmo estudo
foi observado que a adaptação dos membros superiores não foi comprometida pelo treino prévio de endurance. Segundo os autores, a musculatura das pernas não se recuperaria do treino de endurance e não se realizaria o treino de força na intensidade necessária para promover as adaptações desejadas. Os mecanismos responsáveis pelo comprometimento da força e potência no treinamento concorrente ainda não foram totalmente identificados(1,15,18,19). Um possível candidato é a depleção de glicogênio muscular, pois esse é um importante substrato energético para o treino de força(20-22). Entretanto, evidências anteriores obtidas em nosso laboratório demonstram que indivíduos que realizaram consumo adequado de carboidrato antes do exercício e que também foram suplementados com carboidrato durante o exercício concorrente não conseguiram atenuar o efeito deletério do
exercício de endurance sobre o posterior exercício de força(2). Esses resultados, portanto, nos fizeram considerar a hipótese de que outro substrato energético poderia contribuir para a execução do treino concorrente (exercício aeróbico realizado antes do exercício de força), a creatina-fosfato (CP). No presente estudo, os resultados observados demonstram que a estratégia de consumir creatina ou placebo não afetou o resultado do teste de 1-RM. Recentemente, em outro estudo conduzido em nosso laboratório(23), verificamos que a suplementação de creatina não alterou a carga máxima suportada no supino, aferida através do teste de 1-RM. Entretanto, nesse mesmo estudo verificamos que o consumo de creatina potencializou a capacidade de realizar repetições máximas a 70% do valor de 1-RM. Esses resultados estão de acordo com os demonstrados por outros pesquisadores(
17,24). Earnest et al.(17) também não observaram aumento no valor de 1-RM para o supino após a suplementação de creatina.
Assim como nosso estudo, verificaram somente aumento na capacidade de repetição máxima a 70% do valor de 1-RM. Apesar de a produção absoluta de energia durante o esforço máximo e de curta duração (~6-8 segundos), como no caso do teste de 1-RM, ser fornecida predominantemente pela degradação da creatina-fosfato, o conteúdo basal de creatina intramuscular antes da suplementação seria capaz de suprir essa demanda.
Conseqüentemente, o grupo submetido à suplementação de creatina não apresentaria melhor desempenho em relação ao grupo
placebo(17,23,25). Em relação à capacidade de realizar repetições máximas (80%-1RM) no grupo placebo, conforme esperado, o exercício de endurance promoveu decréscimo neste parâmetro em relação ao teste inicial. Uma possível explicação para a redução do número de repetições máximas é que o exercício de endurance promoveria desgaste em termos de substratos energéticos, gerando fadiga residual (hipótese de comprometimento agudo)(1,15). Já no grupo creatina, a capacidade de realizar repetições máximas (80%-1RM) no leg press 45o após o exercício de endurance foi mantida. A instalação da fadiga no exercício de força parece ser multifatorial, tendo como causas em potencial a depleção de CP, a acidose intramuscular (aumento de íons H+) e/ou a redução do glicogênio muscular(25). MacDougall et al.(26) observaram no seu estudo que a combinação entre depleção de CP (62% em relação ao repouso) e a acidose (21,3mmol.kg-1 peso úmido) era responsável pela fadiga na 1ª série de repetição máxima a 80% do valor de 1-RM. Esses autores também afirmaram que após três séries de repetições máximas a 80% do valor de 1-RM, a incapacidade de manutenção do padrão de movimento parece ser limitada pelo aumento da concentração de íons H+(26).
membros inferiores ficou comprometido pela realização de uma corrida imediatamente antes do treino de força. No mesmo estudo
foi observado que a adaptação dos membros superiores não foi comprometida pelo treino prévio de endurance. Segundo os autores, a musculatura das pernas não se recuperaria do treino de endurance e não se realizaria o treino de força na intensidade necessária para promover as adaptações desejadas. Os mecanismos responsáveis pelo comprometimento da força e potência no treinamento concorrente ainda não foram totalmente identificados(1,15,18,19). Um possível candidato é a depleção de glicogênio muscular, pois esse é um importante substrato energético para o treino de força(20-22). Entretanto, evidências anteriores obtidas em nosso laboratório demonstram que indivíduos que realizaram consumo adequado de carboidrato antes do exercício e que também foram suplementados com carboidrato durante o exercício concorrente não conseguiram atenuar o efeito deletério do
exercício de endurance sobre o posterior exercício de força(2). Esses resultados, portanto, nos fizeram considerar a hipótese de que outro substrato energético poderia contribuir para a execução do treino concorrente (exercício aeróbico realizado antes do exercício de força), a creatina-fosfato (CP). No presente estudo, os resultados observados demonstram que a estratégia de consumir creatina ou placebo não afetou o resultado do teste de 1-RM. Recentemente, em outro estudo conduzido em nosso laboratório(23), verificamos que a suplementação de creatina não alterou a carga máxima suportada no supino, aferida através do teste de 1-RM. Entretanto, nesse mesmo estudo verificamos que o consumo de creatina potencializou a capacidade de realizar repetições máximas a 70% do valor de 1-RM. Esses resultados estão de acordo com os demonstrados por outros pesquisadores(
17,24). Earnest et al.(17) também não observaram aumento no valor de 1-RM para o supino após a suplementação de creatina.
Assim como nosso estudo, verificaram somente aumento na capacidade de repetição máxima a 70% do valor de 1-RM. Apesar de a produção absoluta de energia durante o esforço máximo e de curta duração (~6-8 segundos), como no caso do teste de 1-RM, ser fornecida predominantemente pela degradação da creatina-fosfato, o conteúdo basal de creatina intramuscular antes da suplementação seria capaz de suprir essa demanda.
Conseqüentemente, o grupo submetido à suplementação de creatina não apresentaria melhor desempenho em relação ao grupo
placebo(17,23,25). Em relação à capacidade de realizar repetições máximas (80%-1RM) no grupo placebo, conforme esperado, o exercício de endurance promoveu decréscimo neste parâmetro em relação ao teste inicial. Uma possível explicação para a redução do número de repetições máximas é que o exercício de endurance promoveria desgaste em termos de substratos energéticos, gerando fadiga residual (hipótese de comprometimento agudo)(1,15). Já no grupo creatina, a capacidade de realizar repetições máximas (80%-1RM) no leg press 45o após o exercício de endurance foi mantida. A instalação da fadiga no exercício de força parece ser multifatorial, tendo como causas em potencial a depleção de CP, a acidose intramuscular (aumento de íons H+) e/ou a redução do glicogênio muscular(25). MacDougall et al.(26) observaram no seu estudo que a combinação entre depleção de CP (62% em relação ao repouso) e a acidose (21,3mmol.kg-1 peso úmido) era responsável pela fadiga na 1ª série de repetição máxima a 80% do valor de 1-RM. Esses autores também afirmaram que após três séries de repetições máximas a 80% do valor de 1-RM, a incapacidade de manutenção do padrão de movimento parece ser limitada pelo aumento da concentração de íons H+(26).
A elaboração dessa hipótese foi baseada no fato de que o grau de redução de CP (50% em relação ao repouso) foi menor que no observado na 1a série (62% em relação ao repouso). Reforçando essa hipótese, a produção de lactato havia sido superior ao término da última série (uma série –21,3mmol.kg-1 peso úmido vs. três séries – 27,4mmol.kg-1 pesoúmido)(26).
Considerando que a fadiga na 1ª série pode estar relacionada à redução de CP, pode-se especular que o maior conteúdo desse
substrato no músculo minimizaria a depleção de CP no grupo suplementado com creatina, favorecendo a sua subseqüente ressíntese para as próximas séries. Além disso, é importante mencionar a capacidade de tamponamento exercida pelo sistema ATP-CP(27). A refosforilação imediata da ADP em ATP, através da hidrólise da CP, requer um íon H+(27). Conseqüentemente, essa capacidade de tamponamento atenuaria os efeitos deletérios da acidose(25,27,28), tais como a inibição de enzimas envolvidas no metabolismo energético(25,27) e a redução da sensibilidade das proteínas contráteis aos íons Ca++(28).
Portanto, o aumento da disponibilidade desse substrato e a sua capacidade de tamponamento seriam responsáveis pela manutenção do desempenho no subseqüente teste de repetições máximas no grupo submetido à suplementação de creatina.
Considerando que a fadiga na 1ª série pode estar relacionada à redução de CP, pode-se especular que o maior conteúdo desse
substrato no músculo minimizaria a depleção de CP no grupo suplementado com creatina, favorecendo a sua subseqüente ressíntese para as próximas séries. Além disso, é importante mencionar a capacidade de tamponamento exercida pelo sistema ATP-CP(27). A refosforilação imediata da ADP em ATP, através da hidrólise da CP, requer um íon H+(27). Conseqüentemente, essa capacidade de tamponamento atenuaria os efeitos deletérios da acidose(25,27,28), tais como a inibição de enzimas envolvidas no metabolismo energético(25,27) e a redução da sensibilidade das proteínas contráteis aos íons Ca++(28).
Portanto, o aumento da disponibilidade desse substrato e a sua capacidade de tamponamento seriam responsáveis pela manutenção do desempenho no subseqüente teste de repetições máximas no grupo submetido à suplementação de creatina.
CONCLUSÃO
Corroborando outros resultados disponíveis na literatura, o presente estudo demonstrou que a execução prévia do exercício de
endurance afeta o subseqüente exercício de força. Ainda neste estudo, foi constatado que a suplementação de creatina é capaz
de anular o efeito adverso induzido pelo exercício de endurance sobre o subseqüente desempenho no teste de repetições máximas
a 80% do valor de 1-RM. Esses resultados sugerem que o sistema ATP-CP contribui de maneira significativa para realização
do exercício concorrente, no qual o subseqüente treino de força é realizado em alta intensidade.
Corroborando outros resultados disponíveis na literatura, o presente estudo demonstrou que a execução prévia do exercício de
endurance afeta o subseqüente exercício de força. Ainda neste estudo, foi constatado que a suplementação de creatina é capaz
de anular o efeito adverso induzido pelo exercício de endurance sobre o subseqüente desempenho no teste de repetições máximas
a 80% do valor de 1-RM. Esses resultados sugerem que o sistema ATP-CP contribui de maneira significativa para realização
do exercício concorrente, no qual o subseqüente treino de força é realizado em alta intensidade.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos o apoio do Prof. Flávio Delmanto – Coordenador do Núcleo de Ciências da Saúde do Centro Universitário UniFMU. Ainda agradecemos ao Prof. Ms. Vagner Raso pelo auxílio na análise estatística e ao Prof. Dr. Reury Frank P. Bacurau pelo auxílio na discussão dos resultados.
REFERÊNCIAS
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Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Nº 2 – Mar/Abr, 2005
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